domingo, 26 de agosto de 2012

Doses e mais doses

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Sem essa de copo meio-cheio ou meio-vazio. O excesso é desnecessário, e a escassez pode ser fatal. Porém prefiro morrer de sede a ter que encarar algo pela metade. Se transbordar? Que transborde, ora essa! Não tenho medo de me molhar, e exagerar na dose uma vez ou outra não irá matar ninguém.
Não me venham com copos pela metade, não me venham com meias palavras, não me venham com meios amores. Ninguém existe pela metade, exceto aqueles que não vivem, contraditório portanto dizer que esses apenas existem.
Estou a beira da loucura, confesso. E em uma das minhas análises matinais, decidi deixar a filosofia na cabeceira. Cansei de viver nesse mundo de metáforas e ilusões. Se quiser me encontrar, vá ao bar da esquina. Estarei na ultima mesa pedindo mais uma dose de hipocrisia ao garçom.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu só queria um café...


‘’Eu só queria um café’’, é tudo que repito para mim mesma quando relembro da primeira vez que te vi. Ah, se eu soubesse o que estava por vir...
Lá estava eu, de bruços no balcão, rabiscando palavras avulsas em um pequeno guardanapo, enquanto resmungava que o amor não passava de uma enorme mentira que o ser humano inventou para se sentir completo.
‘’Está sozinha?’’, alguém perguntou. Virei-me para trás e por um momento pensei que a força da gravidade havia deixado de me prender ao chão. Perguntei-me se aquilo era parte de um sonho, e rezei para que ninguém me beliscasse.
O ‘amor da minha vida’ que eu tanto descrevia em retratos falados estava bem na minha frente, em carne e osso.
Conversa vai, conversa vem, sol vai, lua vem, chegou a hora de fecharem a cafeteria. Incrível como nem sequer vi a hora passar.
Uma parte de mim ainda acredita que aquele dia não terminou. Em um universo paralelo qualquer, ele está lá, intacto. Ainda estamos felizes, conversando, acreditando no amor e todas essas baboseiras.
É estranho saber que aquele eterno durou tão pouco. O que parecia uma vida rendeu apenas umas três ou quatro xícaras a mais. No fim da noite, você se foi. ‘’Eu te ligo’’, foi a última frase que te ouvir dizer antes de se virar e me deixar com um enorme sorriso no rosto e milhares de frases otimistas no coração.
Demorei um tempo para entender que eu nunca mais iria escutar sua voz, e mais ainda para deixar de ir naquela velha cafeteria na esperança de esbarrar com você e ouvir qualquer desculpa esfarrapada que me faria acreditar que ao menos fui algo em sua vida.
E mesmo depois de tanto tempo, por mais que o café da minha xícara esteja cansado de esfriar, confesso que ainda te espero. Talvez um pouco diferente devido ao tempo, mas estou aqui. Sentada no mesmo banco para não correr o risco de você não me encontrar, e exatamente com o mesmo coração confuso e vazio que habitava meu corpo naquela tarde.
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