quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Atrás da tela


Vivendo minha vida, vendo uma vida que de minha não tem nada. 
Manipulada. Controlada. Presa atrás de um vidro. Apenas mais um fantoche do mundo. “Compre, faça, veja”, ordens e mais ordens, que obedeço mesmo sem saber por quê.
Dizem “O mais famoso” “O mais visto” “O mais ouvido”, e se esquecem de dizer “O mais rápido esquecido, deixado de lado, trocado por uma nova carinha.” É a era da renovação, da rapidez. Piscou o olho? Perdeu a novela. Cochilou? Perdeu notícias escorrendo sangue.  Mudou de canal? Perdeu o “boa noite” do William Bonner.
Atrás da tela o menino chora, a criança morre, o político rouba e a fome mata. Mas estamos ocupados demais para ver isso. O brilho da tela ofusca a realidade, e com isso tudo que vemos é o quão maravilhoso é o mundo que não existe.
Para quê relógio quando se pode dizer “depois da novela das 20h?” (que por sinal começa as 22h), entre tantos outros horários nobres para qualquer brasileiro que passe mais da metade de sua vida com a bunda afundando no sofá, enquanto a vida lá fora corre? E assim fica vendo o mundo por trás da tela, da maneira distorcida de como querem que você veja e pense. Não seria mais fácil abrir a janela? “Ah, o mundo anda violento demais, credo! Não quero sair nas ruas para ver isso.” Diz a senhora que passa horas e mais horas vendo um jornal feito apenas com “morreu, matou, assaltou, esfaqueou..”.
Para quê pensar se podemos deixar que um simples objeto nos controle? E assim seguimos a vida: sendo zumbis de uma sociedade tão hipócrita.

sábado, 30 de novembro de 2013

Entre pontos e vírgulas...


Seria muito insano da minha parte comparar pessoas com pontuações? Vejamos bem, existem aqueles que são como pontos: Estão. Sempre. Adiantando. O. Final. Também existem aqueles que são como vírgulas: criam pequenas pausas para evitar o verdadeiro fim. Mas existem pessoas que não são pontos nem vírgulas, são ponto e virgulas (um meio termo, digamos assim). As famosas reticências também são grandes amigas daqueles que temem o fim. Vão sempre adiando a frase... Mesmo que nada venha depois. Alguns dizem que é para dar ar de mistério, mas chamo isso de medo.
Depois do ponto as coisas mudam, a frase já não é mais a mesma, às vezes vem um novo parágrafo ou o livro acaba. E finais trazem a tona novos começos. Vamos admitir: eles costumam ser bem assustadores, não é?
Mas de que adianta prolongar algo inevitável? Nenhuma frase é eterna (Haja fôlego da parte do leitor). Uma hora é necessário arregaçar as mangas, respirar fundo e terminar aquilo que ficou pendente, tanto na vida quanto na alma. Frases mal pontuadas são piores que frases curtas, vai por mim. E ponto final.

sábado, 2 de novembro de 2013

Revirando gavetas



- Doutor, estou com uma enorme dor no peito. Um aperto imenso! 
- Que tipo de aperto, minha senhora?
- Daqueles que parecem comprimir meu coração. Acha que pode ser algo sério?
- Queria que houvesse uma maneira fácil de te dizer isso, mas pelo visto você está apaixonada.
- E isso tem cura?
- Infelizmente não. 

Juro que tentei guardar isso para mim. Juro mesmo! Achei que guardando esse sentimento aqui dentro, bem no fundo, no lado mais escondido  e sombrio do meu coração, ele morreria sufocado. Não morreu. 
Muita gente não acredita no eterno, mas quando se trata de amor, não há tempo nem espaço. Afinal, o que é o amor que tanto falam? Ele vive no ar, nos corações, nas mentes, nos telefonemas no meio da madrugada e em cartas sem data especial, mas ninguém sabe ao certo quem (ou o que) ele é. Difícil caracterizar algo que varia tanto. Para alguns, amor é como comer um doce que não comia há séculos, para outros é como pular de cabeça do décimo andar de um prédio, e há ainda aqueles que o veem como um terrível monstro que se esconde em armários de criancinhas. 
Eu diria que ele é um pouco de todos, mas bem, minha opinião não conta. Sou apenas mais uma apaixonada no mundo, e como dizem por aí, o amor é cego. Cego, surdo e mudo. 
Colocaram o mundo no modo mudo ou foi apenas impressão minha? Não consigo escutar nada daqui. Cada vez mais altas, as batidas do meu coração andam abafando a voz da minha razão.  
Lembra quanto te disse que não te amava mais? De certa forma não menti. Mas não negarei que você ainda mexe comigo. O amor pode até não ser eterno, mas as lembranças são. E essas me tocam tão fundo que cheguei a ver lados meus que nunca mais pensei que veria. 
Desde que você se foi, te guardei em uma enorme gaveta do lado esquerdo do meu coração. Prometi que não abriria nunca mais. Senti saudades. Abri. Milhões de pensamentos saltaram sobre mim, e com isso, alguns pedaços de sentimentos. Me desculpe, devia ter engolido a chave. Devia ter fugido. Devia ter jogado tudo fora enquanto podia. Mas não fiz nada disso, e agora talvez seja tarde para arrependimentos. 
Estou sentada no chão do meu quarto colando os cacos para tentar desvendar de vez esse quebra-cabeça, mas muitas peças ainda estão com você. Assim que puder, me entregue-as! Nem precisa dar as caras por aqui. Se ainda se lembra do meu endereço, me envie pelo correio. Mas não demore, por favor! Ver essas peças espalhadas pelo chão da casa está me agonizando. 

domingo, 27 de outubro de 2013

Remar


Um enorme sentimento me engoliu essa noite. Angustia? Talvez. Desespero? Também. Agonia? Quem sabe. Cansaço? Com certeza. Acho que estou ficando velha. Essa tal de nostalgia vem me perseguindo muito. Nó na garganta. No fundo ainda espero um sinal seu. Você ter ido embora é o que menos dói. Eu só queria ter escutado um adeus. Essa incerteza em que você me deixou mergulhada quase me afogou. Estou aprendendo a nadar. Depois de muito navegar em minhas dúvidas, parei de remar. Te vi na outra margem e você parecia feliz. Estou sozinha. Alguém me tire desse barco, por favor? Ele está furado há tempos, e já posso sentir a água em meus pés. A cada vez que tento navegar para o lado oposto, a correnteza faz o favor e me levar até você. E nesse vai e vem não saio do lugar.
Remar. Amar. Remar. Amar. Remar. Amar. Re-amar. Grande Caio, por favor, não me iluda! Não se pode re-amar quando nunca se amou. Não se pode remar quando não se tem remos. Não se pode amar quando não há amor.  
Estou afogando. Aos poucos sinto a água me subindo o corpo. Ela vem ligeira, como quem tem pressa para matar. Meu coração encharcado já não bate mais. Morri. Morri de amor. Morri por não saber nadar. Morri por não saber amar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Entre rosas e espinhos


A música começa. As portas se abrem. Aqui estou eu com um buquê na mão caminhando sem conseguir olhar para frente. Encarar as rosas vermelhas de certa forma me apertam o peito. Mais um passo. Só mais um. Está cada vez mais difícil caminhar. Não sou forte o bastante para olhar em seus olhos agora, mas sinto que você está sorrindo.
É tarde demais para eu voltar atrás? Sim, é tarde. A vida não é como um filme. Não há um príncipe com seu cavalo branco me esperando na porta para fugirmos para o paraíso. Não há paraíso.
Em um relance, te vejo no altar. Com os olhos, tento te avisar que quem está caminhando em sua direção não sou eu, e sim a decepção em si, mas não consigo. Você não consegue me ver por trás dos meus olhos, não é? Nunca viu.
A música ainda toca, mas não ouço mais nada. Alguns segundos depois me dou conta de que estou parada exatamente no meio do caminho. Me encaram em busca de respostas. Tento seguir em frente, mas algo me prende. Apavorada, dou um passo para trás. Mais outro. E outro.  Isso está sendo mais fácil e libertador do que pensei.
Olho em seus olhos pela última vez e te digo um adeus que talvez você nunca seja capaz de ler. O altar aos poucos se distancia, junto com todos os meus medos. Rosas até então intactas se despedaçam ao tocar o chão.  Corro contra o tempo, mas a favor do meu coração. Adeus, meu amor. 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Na ponta dos pés

Ao som de Tchaikovsky, uma bailarina rodopia. Na ponta dos pés, vê o mundo com suavidade. Admirados com tamanha beleza, o público se emociona, chora, ri. “Como é bela a bailarina” - É o que se ouve muito por aí. Fim do espetáculo. As luzes já se apagaram, o público já se foi. Sem plateia, a bailarina se vê só com suas dores. Não há mais música. A sapatilha, jogada ao lado, já não esconde mais suas feridas. “São as marcas da vida”, ela sussurra pra si mesma, um pouco antes de fechar os olhos e se ver dançando mais uma linda canção.

sábado, 14 de setembro de 2013

Nunca mais

Gritos. Muitos gritos. Era tudo o que eu conseguia ouvir por trás da porta do meu quarto. Não era a primeira vez, e eu sabia que não seria a última. Ao menos achava, mas me enganei. 
- Como você pode fazer isso? – Mal consegui entender as palavras pronunciadas por minha mãe devido o choro embaralhado com sua frase. Minutos que mais pareceram horas se passaram e nenhuma palavra foi dita.
O silêncio de meu pai me doeu mais do que qualquer outra palavra que ele pudesse ter pronunciado. Acho que minha mãe concordaria comigo, já que depois de um longo tempo esperando por uma resposta, bateu a porta da cozinha e se trancou lá dentro. Quis consola-la, abraça-la, dizer que tudo ficaria bem, mas eu não podia, e nem devia. O que eu diria? Que estou aqui? Isso não seria uma solução, e sim mais um problema. Eu era o motivo daquilo tudo se tornar ainda mais doloroso e difícil. Ela nunca quis me dizer isso, mas eu sabia. Sempre soube.
- Querida, você foi o melhor presente que nós poderíamos ter ganhado. – Lembro de ter ouvido essa frase ser pronunciada várias vezes quando eu ainda era uma criança e questionava demais o mundo. Ainda questiono, mas não sou mais uma criança, logo não tenho mais o direito de sair perguntando “Por que?” em cada frase. Dizem por aí que isso é só uma fase da infância... Pelo visto não passei dela. Acabo preferindo guardar meus “porquês”, já que pelo visto sou grandinha demais para me preocupar com a cor do céu, ou até mesmo a razão da vida. 
Enquanto ouvia o choro da minha mãe, milhares de “porquês” me vinham a mente.  A criança dentro de mim apenas implorava pelos seus pais juntos e felizes como era há poucos anos. Era pedir demais? Ou muito egoísmo da minha parte?
Fui despertada dos meus pensamentos quando ouvi meu pai gritar:
- Eu não tive culpa. O coração está em meu peito mas não é meu, o cérebro está em minha cabeça, mas não pensa por mim. Não sou dono dos meus sonhos nem vontades, nunca fui. Tente entender. Eu errei com você, mas ainda te amo. E por te amar tanto, sinto que devo ir. Meus erros estão te machucando. Sei que errar é humano,mas fazer quem nos ama sofrer é desumano. Tudo que eu quero é te ver feliz, e para isso, preciso mais do que nunca te libertar de mim. Aquele laço que nos prendia já se desatou há muito tempo, e com isso, estamos repletos de nós, sendo enforcados um pouco mais a cada dia. Me perdi dentro desse relacionamento, e agora preciso me encontrar.” 
Dito isso, se calou na espera de uma resposta. Não obteve. A porta se fechou e pude ver meu pai sumir na rua iluminada pela fraca luz de um poste prestes a se apagar. Nunca mais o vi.
Passei anos odiando aquele que havia me dito que o amor era eterno e de um dia para o outro foi embora sem dizer adeus. E pensar que tive que estar em seu lugar para compreendê-lo...
“O coração está em meu peito mas não é meu, o cérebro está em minha cabeça, mas não pensa por mim.” Mais do que nunca, aquelas palavras fizeram sentido.  
Estou sentada nessa banco do aeroporto há horas e ainda não sei para onde ir. Tentei me encontrar e me perdi mais. Encaro as pessoas passando de um lado para o outro e não consigo evitar de pensar “Será que meu pai já se encontrou?”. Talvez sim, talvez não. Vai ver ainda vaga por aí, com novos amores na bagagem e mais gritos deixados para trás. 

sábado, 31 de agosto de 2013

E se não valer?


 Sabe, me lembro da primeira vez que estivemos aqui. Esse céu, esse lago... Mas agora tudo está tão...
 Diferente?
  É.
  Talvez não seja o lugar.
  O que seria então?
  A gente.
  Mas...
  Admita, tudo está igualzinho, a diferença é que suas mãos não estão nas minhas.
 Talvez...
 Talvez?
  É.
  Odeio esse seu jeito monossilábico.
  E o que queria que eu dissesse? Que sinto falta daquele tempo? Que eu ainda te amo? Que foi besteira termos nos precipitado tanto e que agora é tarde demais?
  E quem disse que é tarde demais?
  Você quer dizer que é fácil jogar todas as poeiras do passado debaixo de um tapete e recomeçar?
  Não. Eu não disse que seria fácil. Mas valeria a pena tentar.
  E se não valer?
  A gente tenta de novo.

sábado, 17 de agosto de 2013

Ratos são problemas ou os problemas são ratos?

Um pote na estante sozinho se lamenta, pobre coitado, tão vazio! Mas se os pobres são os vazios, sou miserável.
Sou um pote, me encho de ratos. Eles me arranham, atormentam, me consomem. Reviram meu estômago e matam as borboletas. O barulho me enlouquece. Me tornam imunda. Sou imunda. Sou humana.
Minha carne sangra por dentro, mas ninguém vê. Morro um pouco a cada dia, mas permaneço viva.
Crio ratos. Alimento ratos. Engulo ratos. Transbordo ratos. Mas no fundo, bem no fundo, sei que o rato sou eu.

domingo, 4 de agosto de 2013

Não abra ainda


Você está uma confusão, e não posso   nem devo   te arrumar. A última que passou por aqui te revirou por completo. Não faço ideia do que ela levou consigo ou deixou por aqui, só sei que não dá pra eu insistir em viver nessa loucura. Se arrume, depois me procure. Não inverta as ordens, por favor. Já fui consumida por suas bagunças uma vez, custei a me ajeitar, e agora estou de volta.
Sinto muito, mas eu não posso te ajudar, eu bem que queria, mas não posso. A chave do seu coração não está comigo, e você sabe disso. Vá em frente, coloque as coisas no lugar, eu espero. Estarei aqui do lado de fora. Mas por favor, eu imploro: só abra a porta quando eu realmente puder entrar.

sábado, 27 de julho de 2013

Longe demais


Eu errei com você. Não estou aqui para pedir desculpas, não sou disso, e você sabe, mas essa culpa esta me consumindo por inteira. 
Desde que bati a porta na sua cara me pergunto se fiz a coisa certa. Eu estava confusa. Eu sou confusa. É , isso não é desculpa, eu sei. 
Não entendo como tudo mudou tão de repente. Em um dia eu te amava tanto... Já no outro.. Bem.. Tudo aquilo que eu sentia evaporou. Mas não foi culpa sua, eu juro! 
Entenda, eu não poderia insistir em algo que eu sabia que não iria acabar bem. Eu não acabei com tudo, apenas adiantei o fim. Estender demais a história deixa as coisas cansativas. 
Caramba, essa embolação que nos tornamos me deixou fora de mim! Eu não queria te deixar ir, mas precisava. Te guardar para mim por pura vaidade seria mero egoísmo meu. 
Gritei. Bati a porta. Fui embora sem dizer adeus. Pensei que seria mais fácil, mas não foi. 
Fui covarde o bastante para não conseguir colocar um ponto final descente. Fui covarde o bastante para não conseguir olhar em seus olhos pela última vez. 
Se você tivesse pedido, eu sei que eu acabaria ficando. Por isso corri. Corri tanto que te perdi de vista. E hoje quando olho para trás, tudo que me pergunto é “Será que fui longe demais?”.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Amor... Existe sentimento mais controverso?


Sabe, eu  te amo como nunca amei ninguém, assim como te odeio, como nunca odiei ninguém. Você foi o único que conseguiu preencher tanto espaço no meu peito. Você achou as chaves debaixo do tapete, entrou sem fazer barulho e me deixou um caos.
Desde que você me deixou nessa bagunça, ando mudando algumas coisas de lugar. Não se assuste se não encontrar sua foto na minha estante, ali não era mais o lugar dela. Nunca foi. 
Ontem prometi que não te ligaria. Liguei. Prometi que não iria mais atrás de você. Fui. Prometi não chorar mais por suas besteiras. Chorei. 
 Estou cheia de você! Mais uma palavra e eu transbordo. 
 “Para mim chega!” - digo enquanto olho no fundo dos meus olhos pelo reflexo do espelho. Sei que é mentira. Para algo acabar tem que ter começado, e bem, nós não passamos dessa linha. 
 Poxa, haviam me dito que o amor era lindo. Cadê o seu aroma doce? Morreu sufocado entre o salgado e o amargo, acredito. Uma pena, eu sempre quis entender os mais belos versos das musicas apaixonadas.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Em tempos de mudança

Roupas por todo lado, pilhas de louça na pia... Quando foi que tudo mudou tanto? Olho pela janela e tudo o que enxergo é uma massa cinzenta.  Onde foi parar a minha vista para o parque? Cadê as flores? Os pássaros cantando bem cedinho? Maldita cidade grande!
Costumo confundir angustia com fome, mas que diferença isso faz? Tanto meu coração quanto minha geladeira se encontram completamente vazios no momento.
Não odeio meu passado nem nada do tipo, mas entendam, eu realmente tive que guarda-lo bem no fundo daquela gaveta velha do meu guarda-roupa para seguir em frente. Não foi fácil, mas foi preciso. Como eu poderia sobreviver aqui sabendo que tudo o que construí nos últimos anos está a milhares de quilômetros de mim? 
Começar uma vida nova tem lá seus defeitos, e o maior deles talvez seja encarar uma página vazia. Casa nova. Cabelo novo. Vida nova. Não há rabiscos na parede que te tragam lembranças, não há guloseimas escondidas para seu irmão não comer. Na verdade, não há irmão. Não há ninguém. Não há barulhos na casa, e acho melhor eu me contentar logo com o barulho da televisão. Ameniza um pouco a solidão, bem pouco, mas ameniza.
Um docinho da padaria da esquina para diminuir a tristeza, um passeio de bicicleta para esquecer os problemas, um peixe para me fazer companhia sem criar bagunça... E assim vou completando meus espaços vazios, pouco a pouco, sem pressa e sem medo. Encarar responsabilidades pode ser cansativo, mas acreditem, ainda assim vale a pena você olhar para trás e poder se orgulhar de ter chegado tão longe. 
Com o tempo, ando riscando meus sonhos de criança um a um. Meu apartamento, ok. Um bichinho de estimação, ok. A lista ainda é grande, e sinceramente? Espero que ela nunca tenha fim. Se tem algo que aprendi, é que são justamente as loucas buscas por nossos sonhos que fazem as nossas vidas valerem a pena.
A caixinha ao lado da geladeira aguarda ansiosamente por moedas para minha tão sonhada viagem. Os porta-retratos esperam por novas fotos. A casa adormece na esperança de novos cheiros e pessoas. A garagem espera por um carro. E ainda assim a vida vai seguindo, tudo no seu tempo, com um pouco de receio do amanhã e saudade do passado, mas acima de tudo, com bastante sonhos na bagagem.

sábado, 22 de junho de 2013

O gigante acordou?

Mais de uma semana se passou e o povo permanece firme nas ruas. Confesso que me emocionei bastante nesses últimos dias, mas volto a trazer esse assunto a tona para dizer muita coisa que está entalada na minha garganta ou camuflada entre uma bela foto de manifestantes e frases de efeito.
Querem saber? Sem perceber, estamos sendo levados pela correnteza. Dizemos por aí que acordamos, mas nem sequer assimilamos uma informação e já saímos divulgando ela por aí.

"Nossa, está todo mundo se manisfestando contra a PEC 37, vou também"
"Sabe o que é isso?"
"Sei... É algo relacionado com o ministério público e a policia, não é?"
"Mas por que isso vai ser ruim para a gente, você sabe?
"Ora, porque vai aumentar a corrupção."
"Por que ela vai aumentar?"
"Porque...."

E assim terminariam muitos diálogos. As pessoas estão simplesmente acreditando em qualquer fato que é colocado na frente delas. Se veem algo no face já saem espalhando. Por isso mesmo, muita gente acaba caindo na "onda" de alguns partidos sem perceberem. Isso sim é um perigo!
Se tem algo que me preocupa seriamente em toda essa movimentação é a falta de informação e foco.
Querem reclamar de tudo e de todos. Ao mesmo tempo. Pobre Dilma, estão culpando a coitada até mesmo pelo céu ser azul! Eu entendo, o Brasil tem realmente muito a melhorar, mas será que concentrar as forças em uma luta de cada vez não seria mais eficiente?
Tem muita gente lutando sem saber pelo quê, repetindo palavras que nem sabem o significado e segurando cartazes com frases que viram no facebook. A disputa pela plaquinha mais engraçada virou moda. O debate sobre assuntos que não se sabem nada também. Lembrem-se: um povo invencível é um povo informado.
Será mesmo que o gigante acordou? Ou será que está apenas seguindo a multidão? Seja por achar bonito ou simplesmente para poder dizer aos seus netos que fez parte de um livro de história? Não faço ideia de como tudo isso acabará. Ninguém sabe. 
Vamos aproveitar essa linda união para melhorar o país, e não para ganhar curtidas em posts do facebook ou rt no twitter. Vamos lutar por nossos direitos sem perder a cabeça. Vamos abrir os olhos e acordar para valer!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Entre veias e engrenagens


Grito, mas ninguém me escuta. A minha volta, pessoas sem expressão passam seguindo suas rotinas à risca. É a religião do automatismo. Para quê ser diferente se você pode ser como todo os outros? Apenas mais um robô na multidão, é isso que você quer? Trocar seu coração por engrenagens? Pois te digo uma coisa: Essa é a era da evolução. Logo logo você ficará para trás. O mundo não espera. O mundo não recicla. É um produto defeituoso? Lixo!
Engrenagens enferrujam, peçam quebram, mas o coração, ah, o coração... Esse morre de amor e permanece vivo, pula pela boca mas não foge, apanha, mas não desiste de bater forte.
Eu sei que você ainda é um humano, não esconda isso. Não cometa o erro de entregar seu coração ao mundo, ele é cruel demais com os inocentes. Guarde-o em seu peito, e muito bem guardado. Sorria, chore, e até mesmo sinta raiva, mas nunca se entregue. Você é mais forte que isso. Desligue seus fios e lute! Ainda há tempo.

sábado, 1 de junho de 2013

Somente só


–Por favor, não vá embora!
– Me dê ao menos um motivo para ficar.
– Eu te amo!
– Não precisa mentir.
– Não é mentira! Eu realmente preciso de você!
– Você não precisa de mim. Apenas precisa de alguém, e isso é bem diferente.
– Não é verdade!
– Você precisa de alguém para preencher esse seu vazio existencial. Você não suporta o silêncio porque teme a si mesma.

Dito isso, ele se foi. O barulho da porta fechando não parava de ecoar em minha cabeça. Eu estava só. Completamente só. Tinha apenas minha própria companhia. E foi aí que percebi o quanto ele estava certo: Eu não me suportava. Tentei manter um diálogo com meus pensamentos e enlouqueci.
Eu realmente precisava dele. Ou de alguém. 


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Jogo do amor


Na última vez que ouvi um adeus, tranquei meu coração com mil chaves e nem me lembro onde as guardei. Mas você conseguiu me arrombar. Sem deixar um vestígio sequer, simplesmente me invadiu. Me preencheu, bagunçou, me virou do avesso.
Quando eu pensei que meu coração nunca mais aceleraria por alguém, eis que você apareceu naquela esquina que eu nunca esperaria passar. O mundo dá tantas voltas que as vezes perco o equilibro.
Se isso é amor, não faço a menor ideia. Mas que diferença isso faz? Da última vez que saí dizendo aos sete ventos que estava amando, ele levou consigo todo meu amor.
Vamos fazer desse sentimento um segredo? Não conte para mim. Nem para você. Faremos disso uma brincadeira de criança. Estou colocando as cartas na mesa e espero que você entenda antes que seja tarde demais. Não jogo para perder. Principalmente quando o que está em jogo é você.


sábado, 18 de maio de 2013

Você vem?


Não pule ainda. Aguente mais um pouco! O mundo é traiçoeiro demais para os sonhadores. Não cometa o erro de cair no abismo da ilusão novamente. Apenas mais um passo. 
Lembra da ultima vez que esteve aqui? Você não resistiu, olhou o fundo, escorregou. A escuridão te assusta, assim como também te encanta. Mas fique calmo, eu te entendo. Já estivemos aqui antes. Juntos. E sairemos dessa assim.
Não pule ainda. Me dê as mãos. Me abrace forte. Respire fundo. Fique mais um pouco. Eu vou com você, prometo. Apenas não me empurre.
Um filme pausado. Voltamos exatamente no ponto que paramos. Isso não é estranho? 
O tempo parou. E agora, aqui estamos nós novamente, no ponto em que a história se divide: Vai pular comigo ou apenas me ver indo embora? A hora é agora.

Palavras, apenas palavras...


Como diz o velho ditado: ”ostra feliz não faz pérola”, e nada melhor que palavras para desabafar tudo aquilo que machuca, e que não sai quando mais queremos.
Palavras não te julgam, simplesmente ficam lá, esperando você coloca-las em algum lugar que faça sentido. Não só em um texto, como na vida.
Elas não dão conselhos, mas fazem com que vejamos o problema de frente, ficando assim mais fácil entender as entrelinhas. 
A vida não passa de uma doce poesia, ou até mesmo um livro infantil, onde a princesa vive em seu mundinho encantado, aquele que a acolhe e a protege, que no meu caso, não passam das palavras.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Adeus


Eu queria você. Aqui. Agora. Como nunca quis antes. Malditos sejam os quilômetros que te separam de mim, e maldito seja o tempo que continua passando, como se sua ida não significasse nada. Exijo luto eterno! Não é justo você não estar aqui. Nada é justo pelo visto, mas parece que poucos se importam.
Ainda me pergunto o motivo do meu coração continuar batendo. Não tenho mais sua mão na minha. Não tenho mais seu cheiro em mim.
Minha vida foi-se embora no último avião, com mala na mão e tudo mais. Enquanto isso, me resta apenas acenar para meu coração, enquanto ele decola sem data para voltar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

A morada do ontem

Pisando nessas mesmas pedras, caminhando pelo mesmo caminho, posso ver o tempo voltando em câmera lenta.
Não são os mesmos pássaros que hoje cantam, nem as mesmas pessoas que circulam por ali, mas algo ainda permanece igual: a alma daquele lugar.
Caminhando por aquelas ruas, avisto uma garota bastante familiar. Ela corre sem destino com a mesma pressa de uma inocente criança. Quem diria que, anos mais tarde, ela trocaria o "pega-pega" pelo relógio.
Pulando os ponteiros, sinto que corri demais. Será que é tarde para voltar atrás?
Dou mais uns passos. Algo me aperta o peito: saudade. Abraço a garotinha. Me despeço. Sigo em frente.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

De grão em grão


Não importa quem você seja ou de onde tenha vindo, todo ser humano, sem nenhuma exceção, já caiu no dilema ''Para que/ Por que existimos?'' ao menos uma vez na vida. É normal se sentir um nada ao lembrar que existem mais bilhões de pessoas lá fora. 
Ser um grão de areia em uma praia se compara bem ao ponto onde quero chegar: Um grão é apenas um grão, certo? Errado. Já pensou se todos os grãos resolvessem pensar assim e simplesmente sumissem do mapa? Não existiriam as linas praias que conhecemos. Cada grão é único e indispensável.
Ora, nascemos do pó e morreremos sendo pó. Somos poeira. Poeira de alma e de sangue. Poeira imunda. Poeira indispensável.

sábado, 27 de abril de 2013

Por um fio


As vezes penso em te libertar de mim. Ou o certo seria eu me libertar de você?
A cada dia que passa, o emaranhado de fios que liga minha razão a emoção se embola ainda mais. Estou repleta de nós causados por confusões suas, tento desatar e me embaraço ainda mais.
Tudo é questão de ponto de vista, sabe? A mesma corda que me segura e sustenta, me prende e enforca.
Em alguns momentos, sinto uma súbita vontade de pegar uma faca e acabar com tudo isso. Cortando os fios, é claro. Mas o que me restaria? Retalhos sem começo nem final.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

As mil faces da liberdade


Quando falam de liberdade, grande parte das pessoas pensam em pássaros, correntes, e até mesmo em seres humanos. Eu penso em cachorros. Sim, cachorros.
Esta tarde, enquanto caminhava ao som de uma música qualquer, avistei dois cachorros: um dentro de uma casa, e um outro na rua. Eles se encaravam sem produzir um ruído sequer, entretanto, quase pude ouvir os dois se comunicando.
Pelo que notei, debatiam fervorosamente sobre a liberdade. Entretanto, no meio daquele assunto inexistente, exitei-me ao deparar com a questão ''O que vale mais a pena: Viver preso porém receber comida e carinho ou ser livre e viver por si só, tendo que correr atrás de tudo que precisa?''
Grande parte das vezes, esquecemos que a liberdade trás consigo uma enorme bagagem, e não são todos que suportam carrega-la. Contudo, viver limitado do mundo com certeza te impedirá de conhecer, e consequentemente aprender, muita coisa.
A ideia de liberdade que costumamos ter é bastante clara e simples, mas será que quando aplicada no dia a dia, ela realmente existe?
O cachorro considerado ''livre'' vivia preso nas limitações da vida, devia sempre seguir sua rotina de procurar por comida, caso contrário, morria. 
Aí novamente pergunto: O que vale mais a pena? Ser livre ou viver preso?
Nem um, nem outro. Ter um lar, ou melhor, um refúgio, é necessário, porém também é de extrema importância que os portões permaneçam sempre abertos.

Acorde!


Vivemos em um mundo egoísta, onde cada um encara seu próprio umbigo por horas, e as vezes, somente as vezes, levanta os olhos e encara o mundo ao redor.
Irônico, entretanto, essas mesmas pessoas pregarem ideias solidárias, que se preocupam com a crise no norte do globo ou com as pobres crianças famintas da África. Não estou dizendo que isso não ajuda, porém, não seria melhor começarmos mudando aquilo que está ao nosso alcance? As vezes, tudo o que o mendigo que vive na esquina precisa, mas que você nunca nota por estar com pressa, é um pouco de comida. E aquela sua vizinha rabugenta que mora sozinha  Pode ser que necessite apenas de um pouco de carinho e atenção.
Muitas vezes ficamos chocados com as imagens que aparecem em nossa televisão e nos esquecemos que o mesmo pode estar acontecendo na rua ao lado. Quem mudar o mundo? Então comece desligando sua televisão e abrindo sua janela! Pequenas atitudes, quando juntas, se tornam mais eficientes que diversas ONGs famosas ou campanhas televisivas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Deixe a onda te levar...



Praia, para algumas pessoas, é sinônimo de descontração, para mim, é apenas mais um lugar para pensar na vida. Não sou nem um pouco fã de ter quilos de areia em minha bolsa, ficar vermelha como um pimentão ou ficar caminhando (com muita dificuldade) na areia quente do sol de 12h, e é exatamente por isso que acabo passando grande parte do meu tempo sentada debaixo de alguma sombra observando o meu redor.
Entre tantos banhistas, me identifiquei com uma garotinha que se encontrava na beira do mar. Sem tirar os olhos do castelo que acabara de construir, temia que alguma onda o derrubasse. Ao ver seus olhinhos brilhando, percebi o quanto ela queria mergulhar naquelas águas e talvez até nadar para longe dos olhos de todos, mas algo a impedia: o medo de se entregar. ‘’E se alguma onda derrubar meu castelo?’’ ‘’E se eu me afogar?’’. Deduzi as palavras que saiam dos seus lábios que mal se mexiam. Tive vontade de ir correndo dizer a ela para não perder tanto tempo pensando ‘’E se’’, que não havia o que temer. Ondas viriam, ela estando ali ou não para cuidar daquilo que construiu, é a lei da vida, e que afinal, engolir alguns goles de água de vez em quando é normal.
Que inocência a minha! Eu era aquela garotinha.
Passo horas admirando o mar em uma inveja bem intima daqueles que mergulham fundo. Construo castelos e mais castelos na esperança de que eles continuem intactos para sempre. Esqueço que as ondas fazem parte da vida, e que mais dia menos dia, elas virão.
Além disso,a  grandeza do mar me assusta. Sempre me perco em sua imensidão.
Olhei para a garotinha novamente e me surpreendi ao ver que ela não se encontrava mais no mesmo lugar. Ela havia entrado na água, e ao ver seu enorme sorriso, não resisti.  Corri ao encontro daquela enorme massa azul. Vieram algumas ondas sim, mas me sentir parte de algo que me preenchia por inteira valeu muito a pena.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um conto de desencontros


Depois de tantas despedidas, nem sei mais em qual mala guardei meu amor. A cada beijo, uma lágrima. A gente sabia que não estava dando certo, mas resolvíamos insistir. 
Chamávamos aquilo de amor e continuávamos levando a vida, como se toda aquela dor fosse comum. Acredite, aprendi que amar não é sofrer. Aquele nosso sentimento repleto de angústia, arrependimento e insensatez não chegava perto de ser algo. Fomos apenas uma ocupação para o vazio do outro, vamos admitir. Acostumamos tanto a ter o peito preenchido com aquela nossa confusão, que quando ela ia embora, queríamos de volta a todo custo. 
Nossa história foi um conto de desencontros. Eu tentei ficar, mas desisti quando você se despediu pela centésima vez. Será que é isso que quero para minha vida? Alguém que diz um adeus a cada ‘eu te amo’?
Não dá mais, sinto muito. Você disse que se foi pela última vez, e eu fiquei aqui te esperando, mas não dá mais. 
Adeus, meu amor. Dessa vez é para valer. Se cuide.

sábado, 26 de janeiro de 2013

O dia em que a morte acenou para mim

  
 Aproveite sua morte enquanto há tempo. Você não leu errado. E eu também não troquei a palavra vida por morte.
Pode parecer idiota, mas aprendi isso enquanto descia um morro em uma bicicleta sem freio. Eu sabia que aquilo não ia terminar bem. Estava na cara. Na minha cara de medo, para ser mais especifica. Não é que eu tema a morte, apenas temo a maneira como ela acontecerá.
Entre rezas e lembranças de pessoas que eu tanto amava, percebi que aquela sensação era muito boa, até mesmo diria mágica para ser mais exata. Aquele vento em meu rosto enquanto uma enorme dose de adrenalina percorria cada parte do meu corpo fazia com que a paisagem que passava rápido parecesse cena de um filme. A trilha sonora? Meu gritos.
E foi exatamente nesse ponto da história que percebi que é possível aproveitar a morte.
O morro acabou, a bicicleta capotou, e bem, capotei junto.
Outra lição aprendida (fora sempre verificar se o freio está funcionando antes de subir nela): nem sempre as coisas terminam da pior maneira possível.
''E de que valeu pensar tanto em algo que nem ao menos aconteceu?'' Essa crônica, oras. Sem contar com alguns arranhões e uma boa história para contar quando eu estiver bem velhinha, mas claro, antes acrescentarei uma tempestade e uma onça. Quem sabe até não coloco um fantasma ali no meio? 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Entre altos e baixos



-Próximo
Era sua vez. Um enorme calafrio percorreu cada parte do seu corpo.
Se sentou na última fila e fez de tudo para esconder sua cara de medo. Era a primeira vez que andava em uma montanha russa, e mais do que nunca, aquilo parecia uma ideia louca e perigosa.
Aos poucos, o carrinho começou a andar bem devagar, e até aí tudo bem.  Se ficasse assim para sempre não seria nada mal. Mas não ficou. Depois de um longo tempo até chegar no topo,que mais pareceu uma eternidade, o carrinho despencou em alta velocidade. Se ela pudesse, teria fugido. Mas para onde? Se pulasse de cabeça seria pior. O jeito era entregar os pontos. Depois de mais algumas descidas e piruetas, diferente do esperado, uma enorme dose de adrenalina implorava por um bis.
O carrinho parou e ela continuou sentada em seu lugar por mais alguns minutos até perceber que ela teria que se contentar com aquilo. Acabou. As borboletas de seu estômago se encontravam mais zonzas do que nunca.
Acredite se quiser, a mocinha desse texto nunca esteve realmente em uma montanha russa. Ela se apaixonou. Com direito a ingressos pagos e tudo mais. 
Próxima parada? Roda gigante.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Reflexos de um passado


Quem é aquela garota que ocupa minhas fotos da época do colegial? Não a conheço mais.
O que aconteceu com você? Cadê o sorriso em seu rosto e os sonhos impossíveis no coração? Ouvi por aí que você os deixou para trás para crescer. Acredite, isso não é o mesmo que amadurecer.
As vezes encaro o espelho à procura de ao menos um sorriso dela, mas tudo o que consigo ver é uma mulher que se perdeu entre suas lágrimas e olheiras.
Sei que aquela alma sonhadora ainda está aí dentro em algum lugar, por favor, imploro que não a sufoque com seus medos. Não consigo mais reconhecer essa imagem que hoje ocupa seu espelho. Ninguém te avisou que crescer era tão difícil, não é? Pois aqui estou eu, direto do seu antigo álbum do colegial, implorando para que você jamais deixe sua felicidade para trás em um desses caminhos loucos que você anda pegando ultimamente.
Onde está aquela garota?
Eu sou você, não vê? Ou ao menos quem você costumava ser.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O vendedor de sonhos


Desde pequena ouço minha mãe dizer que não devo confiar em estranhos, porém é difícil ignorar um velhinho gritando que vende a esperança do mundo. Por um momento, pensei que não passava de um simples vendedor, com mais um slogan barato.  Entretanto, minha curiosidade não se contentou enquanto não me aproximei dele.
Reparei que suas mãos estavam vazias, e não havia nenhum produto ou algo do tipo consigo. Ao seu redor, todos pareciam estar ocupados demais para ouvir o pobre homem, e o ignoravam como se ele simplesmente não estivesse lá.
 - Me desculpe senhor, mas não entendi. O que vendes? – perguntei.
 No primeiro momento obtive uma alta e escandalosa risada, e somente depois de uma longa pausa, ele me respondeu:
 - Você é que não entendeu minha senhora. O que vendo não pode ser comprado. Nem todos sabem lidar com algo tão precioso assim, e muitos acabam o deixando de lado com o tempo. O que vendo não pode ser colocado em uma prateleira ou até mesmo pago com dinheiro. Vendo sonhos, minha senhora, e para ser sincero, não são todos que podem comprá-los. Não se trata de o que você tem, e sim quem você é. Sonhos são como uma estrada de pedras: não importa de onde você vem, e sim para onde você quer ir. Portanto lhe pergunto: Para onde você quer ir?
 - Para onde quero ir? Ora, onde estou já está de bom tamanho. E afinal, como se vende algo que não pode ser comprado?
 Depois de ficar um longo tempo me observando com aquele olhar tão complexo, ele simplesmente suspirou.
 - Estamos em constante movimento, e se você não sabe para onde está indo, sinto informar que a senhora está perdida.
 Sem obter uma resposta para minha pergunta, insisti mais uma vez:
 - Como se vende algo que não pode ser comprado?
 Ele se virou, e quando eu estava quase indo embora, ele se voltou para mim e estendeu-me uma pequena pedra:
 - Está vendo esta simples pedra? Ela não pertence há ninguém, não é mesmo? Julgada como objeto sem valor, poucos gostariam de ter-la, contando que ela seria somente mais um peso inútil em suas vidas. Mas e se descobrissem que essa pedra é valiosíssima? Ela, sem dúvidas, passaria a ser bastante cobiçada.
O mesmo acontece com sonhos minha senhora, eles existem, mas poucos o valorizam. Assim como uma pedra, todos o julgam perda de tempo em suas vidas tão corridas. Mas aí lhe pergunto? Por que correm? Para onde todos tanto querem ir?
Você me disse que está bem onde está, não é mesmo? Mas irá se contentar com essa vida para sempre? Todo caminho é feito de sonhos, e para se chegar a algum lugar, serão eles que te impulsionarão.
 - O senhor me venderia um sonho?
 - Me desculpe, mas não vendo sonhos.
 - Como não? Você não me disse que era um vendedor de sonhos?
 - Eu apenas valorizo a pedra, minha senhora. Se você a deseja, terá que descobrir onde encontrá-la.  Pedras estão por todo lado, porém muitas vezes não podemos vê-las, por estarmos pisando nelas. 
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