Praia, para algumas pessoas, é sinônimo de descontração, para
mim, é apenas mais um lugar para pensar na vida. Não sou nem um pouco fã de ter
quilos de areia em minha bolsa, ficar vermelha como um pimentão ou ficar caminhando
(com muita dificuldade) na areia quente do sol de 12h, e é exatamente por isso
que acabo passando grande parte do meu tempo sentada debaixo de alguma sombra
observando o meu redor.
Entre tantos banhistas, me identifiquei com uma garotinha
que se encontrava na beira do mar. Sem tirar os olhos do castelo que acabara de
construir, temia que alguma onda o derrubasse. Ao ver seus olhinhos brilhando,
percebi o quanto ela queria mergulhar naquelas águas e talvez até nadar para
longe dos olhos de todos, mas algo a impedia: o medo de se entregar. ‘’E se
alguma onda derrubar meu castelo?’’ ‘’E se eu me afogar?’’. Deduzi as palavras
que saiam dos seus lábios que mal se mexiam. Tive vontade de ir correndo dizer
a ela para não perder tanto tempo pensando ‘’E se’’, que não havia o que temer.
Ondas viriam, ela estando ali ou não para cuidar daquilo que construiu, é a
lei da vida, e que afinal, engolir alguns goles de água de vez em quando é
normal.
Que inocência a minha! Eu era aquela garotinha.
Passo horas admirando o mar em uma inveja bem intima
daqueles que mergulham fundo. Construo
castelos e mais castelos na esperança de que eles continuem intactos para
sempre. Esqueço que as ondas fazem parte da vida, e que mais dia menos dia,
elas virão.
Além disso,a grandeza
do mar me assusta. Sempre me perco em sua imensidão.
Olhei para a garotinha novamente e me surpreendi ao ver que
ela não se encontrava mais no mesmo lugar. Ela havia entrado na água, e ao ver
seu enorme sorriso, não resisti. Corri
ao encontro daquela enorme massa azul. Vieram algumas ondas sim, mas me sentir
parte de algo que me preenchia por inteira valeu muito a pena.