domingo, 27 de outubro de 2013

Remar


Um enorme sentimento me engoliu essa noite. Angustia? Talvez. Desespero? Também. Agonia? Quem sabe. Cansaço? Com certeza. Acho que estou ficando velha. Essa tal de nostalgia vem me perseguindo muito. Nó na garganta. No fundo ainda espero um sinal seu. Você ter ido embora é o que menos dói. Eu só queria ter escutado um adeus. Essa incerteza em que você me deixou mergulhada quase me afogou. Estou aprendendo a nadar. Depois de muito navegar em minhas dúvidas, parei de remar. Te vi na outra margem e você parecia feliz. Estou sozinha. Alguém me tire desse barco, por favor? Ele está furado há tempos, e já posso sentir a água em meus pés. A cada vez que tento navegar para o lado oposto, a correnteza faz o favor e me levar até você. E nesse vai e vem não saio do lugar.
Remar. Amar. Remar. Amar. Remar. Amar. Re-amar. Grande Caio, por favor, não me iluda! Não se pode re-amar quando nunca se amou. Não se pode remar quando não se tem remos. Não se pode amar quando não há amor.  
Estou afogando. Aos poucos sinto a água me subindo o corpo. Ela vem ligeira, como quem tem pressa para matar. Meu coração encharcado já não bate mais. Morri. Morri de amor. Morri por não saber nadar. Morri por não saber amar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Entre rosas e espinhos


A música começa. As portas se abrem. Aqui estou eu com um buquê na mão caminhando sem conseguir olhar para frente. Encarar as rosas vermelhas de certa forma me apertam o peito. Mais um passo. Só mais um. Está cada vez mais difícil caminhar. Não sou forte o bastante para olhar em seus olhos agora, mas sinto que você está sorrindo.
É tarde demais para eu voltar atrás? Sim, é tarde. A vida não é como um filme. Não há um príncipe com seu cavalo branco me esperando na porta para fugirmos para o paraíso. Não há paraíso.
Em um relance, te vejo no altar. Com os olhos, tento te avisar que quem está caminhando em sua direção não sou eu, e sim a decepção em si, mas não consigo. Você não consegue me ver por trás dos meus olhos, não é? Nunca viu.
A música ainda toca, mas não ouço mais nada. Alguns segundos depois me dou conta de que estou parada exatamente no meio do caminho. Me encaram em busca de respostas. Tento seguir em frente, mas algo me prende. Apavorada, dou um passo para trás. Mais outro. E outro.  Isso está sendo mais fácil e libertador do que pensei.
Olho em seus olhos pela última vez e te digo um adeus que talvez você nunca seja capaz de ler. O altar aos poucos se distancia, junto com todos os meus medos. Rosas até então intactas se despedaçam ao tocar o chão.  Corro contra o tempo, mas a favor do meu coração. Adeus, meu amor. 

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