quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Atrás da tela


Vivendo minha vida, vendo uma vida que de minha não tem nada. 
Manipulada. Controlada. Presa atrás de um vidro. Apenas mais um fantoche do mundo. “Compre, faça, veja”, ordens e mais ordens, que obedeço mesmo sem saber por quê.
Dizem “O mais famoso” “O mais visto” “O mais ouvido”, e se esquecem de dizer “O mais rápido esquecido, deixado de lado, trocado por uma nova carinha.” É a era da renovação, da rapidez. Piscou o olho? Perdeu a novela. Cochilou? Perdeu notícias escorrendo sangue.  Mudou de canal? Perdeu o “boa noite” do William Bonner.
Atrás da tela o menino chora, a criança morre, o político rouba e a fome mata. Mas estamos ocupados demais para ver isso. O brilho da tela ofusca a realidade, e com isso tudo que vemos é o quão maravilhoso é o mundo que não existe.
Para quê relógio quando se pode dizer “depois da novela das 20h?” (que por sinal começa as 22h), entre tantos outros horários nobres para qualquer brasileiro que passe mais da metade de sua vida com a bunda afundando no sofá, enquanto a vida lá fora corre? E assim fica vendo o mundo por trás da tela, da maneira distorcida de como querem que você veja e pense. Não seria mais fácil abrir a janela? “Ah, o mundo anda violento demais, credo! Não quero sair nas ruas para ver isso.” Diz a senhora que passa horas e mais horas vendo um jornal feito apenas com “morreu, matou, assaltou, esfaqueou..”.
Para quê pensar se podemos deixar que um simples objeto nos controle? E assim seguimos a vida: sendo zumbis de uma sociedade tão hipócrita.

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