sábado, 31 de maio de 2014

Marés


O mundo se embaça. O coração aperta. E lá vai ela descendo, congelantemente quente, rosto a fora. Sorrateira, da forma mais violenta que poderia ser, estremecendo cada parte do corpo, inundando cada parte do peito. Ela em si não dói, mas traz a tona as mais temíveis profundezas de nossos mares, que deixamos acumular no dia-a-dia, com medo de encarar ou jogar fora de vez. Daí guardamos na esperança de tudo sumir como um passe de mágica. Não some. Chega um dia que simplesmente não dá mais. E transborda. Transborda muito.

Marés cheias fazem parte das fases da lua, fazem parte de nossas fases, fazem parte da vida. Afogamos as mágoas para não morremos sufocados. Inundamos o mundo para nos esvaziarmos, e depois, claro, encher tudo de novo. Gota por gota, dia após dia. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Nós


Sou feita de nós.
Nós embolados,
Nós confusos,
Nós apertados.
Somos nós.
Nós que sufocam,
Nós que desatam,
Nós que unem,
Nós que sustentam.
Eu. Você.
Nós dois.
Apenas nós.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Até logo


Sabe o tempo? Ele passa.  Sabe os problemas? Eles mudam.  Sabe a vida? Continua.
Precisei andar milhares de quilômetros pra descobrir que o melhor lugar do mundo era ao se lado. Precisei me perder para me encontrar. Precisei complicar pra entender.
Pela janela do ônibus a vida passa, e com sua graciosidade, sorri irônica para mim. São tantos sinais pela estrada que nem sei mais qual seguir.
Disse “Até logo” sabendo que era um “Adeus”. Sorri dizendo “se cuida” pensando “vem comigo”. Abracei forte, querendo, no fundo, fundir teu corpo ao meu.
Da janela aceno para o passado. Era saudade demais para caber em uma mala...
Pé na estrada, mente no mundo, coração no seu quarto. Não o deixei pra trás por descuido. Você fez tão bem a ele que decidi deixá-lo contigo. Uma lembrança, tá? Quem sabe um dia não volto para buscá-lo? Até lá.. bem, até logo.. Espero.


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