Aos poucos vou me acertando
De rabisco em rabisco, errando o traço
Entre linhas tortas, me traço
Conheço-me melhor a cada risco
Apago-me, desenho-me, coloro-me
Refaço linhas
Recrio o novo
Me retrato pouco a pouco
No espelho de papel
A caneta percorre minha face
Há risco
Um erro sem volta
Acerto o traço
Aceito minhas linhas
Arrisco
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Balas e mais balas
Eu confesso, eu confesso, eu mordo a bala antes de chegar ao
fim. Eu juro que tento resistir, mas não resisto. Força do hábito.
Uma busca rápida pelo êxtase, um relance de ansiedade ou só
falta de paciência para esperar que ela acabe. Independente do motivo, sigo
minha vida mordendo balas e mais balas.
Seria eu, antecipando sempre o final de tudo, por puro medo
de não ter controle sobre o fim?
E nesse eterno clichê de intensidade vs duração, acabo
sempre optando pelo intenso. É rápido, deixa fortes marcas quando acaba, mas
pelo menos traz aquela sensação de “valeu a pena”. Um orgasmático fim.
No fundo, somos seres que procuram por orgasmos cotidianos. Não
estou apelando pra sexualidade da coisa, refiro-me a efervescência de
sentimentos. O ponto máximo de intensidade e excitação de espirito com a
felicidade em pequenas coisas.
Então vai, morda as balas, não tenha medo, eu te prometo que
valerá a pena.