domingo, 31 de julho de 2016

Meu caos

Eu sempre tento fugir, abafar essa voz na minha cabeça, mas nunca consigo. Todas as noites os mesmos pensamentos retornam para me assombrar.
Entre o amor e o ódio, reviro na cama enquanto revezo as músicas no meu celular. Nenhuma serve para
descrever o que sinto. Nenhuma basta para resumir o que eu gostaria de te dizer. 
E a cada segundo, abro sua foto e a fecho rapidamente. Uma espécie de tortura comigo mesma que faço sem saber bem o porquê. Digito algumas frases e logo apago. Chego sempre tão perto de abrir o jogo. E nisso entro em um eterno ciclo de digitar e apagar mil frases. Se pudesse juntar tudo o que eu já quase te mandei, eu poderia escrever um livro. "A idiota que se perdeu por um amor" poderia ser um bom nome. 
A cada volta do relógio, meu peito aperta mais. Por que de madrugada tudo se torna mais doloroso? 
Mais uma dose de antidepressivo. Outra. E outra. Engulo a seco. Arde-me a boca, o estômago e o coração. O seu veneno é a minha cura. 
Perco-me embaixo do travesseiro, embolada em mil cobertas. Perco-me embaixo de um amontoado de palavras não ditas e sentimentos incertos. 
Perco-me na escuridão que me consome. Perco-me de mim. Perco-me em você: Meu caos, minha insônia, minha dor.


sábado, 16 de julho de 2016

Manifesto da loucura

Archan Nair
Tão definida é a loucura: ações não aceitas socialmente e pensamentos fora do padrão. Indivíduo insano e desequilibrado, sem um mísero pingo de razão. Apontam os frios dedos, e dizem “pobre coitado, é um louco”, e não se olham no espelho. O que faz alguém ser menos louco do que o outro? O que faz de você o padrão da mente sã? E afinal, quem regeu esse padrão? 
São padrões em cima de padrões, que te dizem exatamente como você deve ser. Seu corpo, seu cabelo, seus sonhos e claro, sua mente não ficaria de fora. 
Sabe essa sua vontade constante de desistir de tudo? Esse vazio que às vezes te atormenta? As crises existenciais que entram embaixo do seu cobertor? São coisas de louco, algum médico diagnosticará. E te empurrarão remédios e mais remédios goela abaixo até você finalmente se encaixar nesse quebra cabeça sem sentido. É proibido surtar, se cansar ou questionar a desordenação do mundo. 
Abramos os olhos, todos estamos constantemente à beira da loucura. Eu, você, nós. Somos todos um bando de loucos e desequilibrados. Pessoas perdidas nesse mundo caótico, que tentam se encaixar em padrões psicológicos inexistentes. 
Que não tenhamos medo da loucura, medo de sermos nós mesmos ou medo de sermos taxados como pirados. Porque independente do que você faça ou fale, já adianto: um dia você será. Te chamarão de louco, maluco, fora de si e desorientado. Seja porque você levantou a sua voz ou simplesmente porque não quis ser aquilo que esperavam. Então não tenha medo: xingue, grite, chore e fale asneiras. Vista o que quiser, faça o que quiser e pense como quiser. 
Que esse manifesto seja o marco da aceitação. A união de todas nós, pessoas que não se escondem atrás de suas linhas tortas, que não fazem questão de caber em caixas, que enxergam nos impulsos novas formas de movimento. Seres completamente alucinados, diariamente na beira do absurdo.
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